Antes de mais nada, quero dizer que também sou cristão, e inclusive pertenço a uma denominação que tem "cobertura espiritual" do MIR, a mesma igreja do Vereador Marcel, e mesmo assim, continuo com minha visão diferente dessa atual maneira de fazer política nas igrejas.
Durante a campanha pra vereador de 2008, no dia 19 de julho, o então candidato Marcel Alexandre, hoje vereador, postou no site do
MIR12.COM(Clique sobre o link para ver a página), a sua versão plagiada(pois não cita fonte alguma na página publicada) e descaradamente alterada nos pontos em que a opinião dos líderes não devem ser vistas como "profecias divinas" dos DEZ MANDAMENTOS DO VOTO ÉTICO. O site nunca tinha um link destinado a política, até o dia 15/06/2008. Bastou a campanha eleitoral da época ser lançada, para o site então passar a opinar sobre tal assunto.
Então para o jogo do "despachante do MIR" dar certo, o Apóstolo Renê Terra Nova começa com o "Governo do Justo", deturpando mensagens bíblicas, e pedindo votos em pleno culto pros candidatos de sua igreja, no caso do ano de 2008, Marcel Alexandre, sendo um dos 5 mais bem votados naquela eleição. Mas falando do que interessa, vamos falar sobre os mandamentos que publicou a AEVB (Associação Evangélica Brasileira), representante de 32 denominações (Metodistas, Batistas, Presbiterinas, Luteranas, COngregacionais, etc.).
Vou postar cada tópico original em negrito do voto ético, e abaixo o texto em Itálico que o Vereador postou no site, colocando em vermelho o que ele alterou como a seguir:
EX: Os Dez mandamentos do Voto Ético - Original (Publicado pela AEVB)
(Conselhos Para o Bom Uso do Voto Evangélico) - Alteração do Vereador/Ap. Marcel Alexandre
*Meus comentários
I. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa
sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a
compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;
(1. O seu voto é inegociável e intransferível. Com ele, você terá a oportunidade de expressar sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão
que você, como cristão, tem de seu País, Estado e Município.)
*Até aqui, nada demais.
II. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve
negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da
igreja tente conduzir o voto da comunidade noutra direção;
(2. O cristão deve pautar a sua consciência política nos princípios da Palavra, apesar dos contextos sociais desafiadores vividos em nossos dias. Ele deve ajustar sua maneira de ver a realidade social, pela Palavra de Deus, buscando ajuda do líder da Igreja e através do que Deus está fazendo em sua realidade e conduzir o voto naquela direção.)
*Notem a brecha que o vereador abre ao colocar "nos princípios da palavra", com o objetivo de dar margem vazia a seus argumentos na hora de reunir com seus principais líderes e igrejas que pertencem a mesma "cobertura espiritual". É muito claro a mudança do texto, sempre colocando a figura do líder como um "Moisés" na vida dos fiéis, com o intuito de dizer que Deus está falando através deles em quem devem votar.
III. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre
como votar com ética e com discernimento. No entanto, a bem de
sua credibilidade, o pastor evitará transformar o processo de
elucidação política num projeto de manipulação e indução político-
partidário;
(3. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética, discernimento e compromisso com a Palavra de Deus. No entanto, a bem de sua credibilidade, o pastor ou o líder evitará transformar o processo de orientação política numa ação de manipulação e indução político-partidária.)
*Novamente, coloca-se a palavra de Deus no meio dessa sujeira, e insere-se a palavra orientação em substituição à manipulação.
IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos.
Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é
organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou
alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser
ouvidos sem preconceitos;
(4. Os líderes evangélicos devem ser sábios, democráticos (porque essa é a atual maneira de fazer política) e zelosos do governo divino sobre as instituições. Portanto, devem zelar pelo processo de escolha/indicação de quem a comunidade deve votar. Dentro do possível, deve-se organizar debates multipartidários/multivisionários, nos quais, simultânea ou alternadamente, representantes das correntes partidárias/visionárias possam ser ouvidos sem preconceitos, visando obter conhecimento dos movimentos político-sociais que de certo ajudarão na decisão final dos apoios/escolhas.)
*Sem comentários.
V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a
igreja evangélica no Brasil impõe que não sejam conduzidos
processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja, sob
pena de constranger os eleitores (o que é criminoso) e de dividir a
comunidade;
(5. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil impõe que sejam conduzidos processos com a devida organização, temor, respeito e sabedoria visando o apoio aos candidatos ou partidos dentro do ambiente de vida da igreja evitando o constrangimento dos eleitores (o que é criminoso) e zelando para evitar divisão (em todos os sentidos) na comunidade.)
*Aqui foi retirado o "sob pena de constranger os eleitores" e acrescentado explicitamente o "apoio a candidatos com o devido temor, respeito, e $abedoria".
VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato
pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso,
os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são
pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da
verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira se
eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses
imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica.
É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela
dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno
demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses
restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica
tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um
"despachante" de igrejas. Ao defender os direitos universais do homem,
a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o
cristão estará defendendo a Igreja.
(6. Nenhum cristão deve sentir-se obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidas com as causas de justiça e da verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira eleger-se para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica ou apenas ter um mandato. É óbvio que a Igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais de uma instituição. Um político de fé evangélica deve ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" a serviço de grupos. Ao defender os direitos universais do homem, a democracia, os princípios do Reino de Deus, entre outras conquistas, o cristão estará defendendo a Igreja.)
*Aqui foi uma das alterações mais abomináveis pra mim, pois deixa bem claro o repúdio de Marcel Alexandre ao Estado Laico, retirando o texto original "estado leigo" e acrescentando "os princípios do reino de Deus"
VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não
deve jamais aceitar a desculpa de que um evangélico político votou
de determinada maneira porque obteve a promessa de que, em
assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja, sejam
rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito
bancário, propriedades, tratamento especial perante a lei ou outros
"trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos
bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não
se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na
prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja,
aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica.
Jesus Cristo não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por
quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.
(7. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um evangélico político votou de determinada maneira e muito menos que ele votou em determinado político, porque obteve a promessa de que, em assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja ou para si mesmo, quer sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades, tratamento especial perante a lei ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumam que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.)
*Este pelo menos permaneceu íntegro.
VIII. Os votos para Presidente da República e para cargos
majoritários devem, sobretudo, basear-se em programas de governo,
e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais candidaturas
que, no Brasil, são, em extremo, determinantes; não em função de
"boatos" do tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as
igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar nada para os evangélicos"; ou
ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos". É
bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o
poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso,
é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase
sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e
impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam
comprometidos. (8. Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários e todos os outros devem, sobretudo, basear-se em programas de governo, nas propostas e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais candidaturas, suas ideologias e com muitos cuidados que, no Brasil, são, em extremo, determinantes: ‘preste atenção se o candidato tal é ateu’, ou ‘se candidato tal tem posturas contra as igrejas’, ou ‘se o candidato é contra a causa dos evangélicos’. É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo, mas, na prática, não é assim que vemos. Somos em meio ao silêncio acintosamente discriminados e perseguidos nesta Nação.)
*Qual é a causa dos evangélicos? Em comum, não conheço uma. mas fica bem claro o interesse de sempre prejudicar candidatos que não são evangélicos.
IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse
do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o
que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de confiança" a esse
irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo.
Entretanto, é de bom alvitre considerar que ninguém atua sozinho,
por melhor que seja o irmão, em questão, ele dificilmente
transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças
políticas que o apóiem.
(9. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é muito bom considerar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o irmão em questão, ele terá grande desafio para transcender a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que o apóiem. Fiquem atentos às ideologias e não se percam nos bonitos discursos que geralmente eles nos enganam. Vejam a barca furada que nos metemos com esse governo atual que quer apoiar abortos e homossexualismo, verdadeiras abominações diante de Deus e da nossa fé.)
*Apenas um pequeno desabafo do vereador ao dizer-se do grupo Braga/Vanessa/Omar
X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião
política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve
ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de
acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião
do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e
não como uma profecia divina.
(10. Nesse processo de construção de valores políticos, devem ser observados os papéis com muita prudência. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida como a palavra de um cidadão, e respeitada em concordância com a Palavra de Deus, sem nos esquecermos que esse sacerdote tem-nos acompanhado e aconselhado em todas as áreas da nossa vida e que Deus fala por ele. Mas é possível que você tenha opinião pública política diferente do seu pastor ou seus líderes espirituais. Saiba lidar com essa diferença sem ferir os princípios espirituais.)
*Qual o problema de um eleitor ter a opinião diferente de um líder espiritual? O princípio espiritual que ele fala é da obediência, da superioridade "hierárquica", da "honra". Infelizmente esse povo está perdido no rebanho.